quinta-feira, 6 de abril de 2017

Projeto Ararinha na Natureza reforça plano de conservação da ave em risco de extinção

Ararinha-azul teve população dizimada, sobretudo, devido ao tráfico de animais
Plano de Ação Nacional a Conservação da Ararinha-azul (PAN Ararinha-azul), criado em 2012 pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), agora conta com o reforço do Projeto Ararinha na Natureza.
A iniciativa conta com a parceria da Vale e de organizações da sociedade civil sem fins lucrativos, como o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e a Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (SAVE Brasil), além de mantenedores da ararinha-azul dentro e fora do País.
Os objetivos são o aumento da população manejada em cativeiro e a recuperação do habitat de ocorrência histórica da espécie, visando à sua reintrodução na natureza.
Originária da região de Curaçá, na Bahia, a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) teve sua população dizimada, sobretudo, devido ao tráfico de animais, e hoje é considerada extinta na natureza. Existem, atualmente, apenas 129 exemplares da espécie, todos em cativeiro. 
Expedições
Ao longo dos últimos meses, foram realizadas sete expedições na região de origem da ararinha-azul, somando 107 dias de trabalho de campo. Até o momento, 163 árvores com ocos potenciais para a reprodução de aves já estão marcadas, medidas e georreferenciadas.
No final da última expedição, encerrada no domingo (19), a equipe contabilizou 40 ovos, 21 deles eclodidos, na estação reprodutiva 2016-2017. “Acompanhamos 15 filhotes, em diferentes estágios de desenvolvimento. Registramos sucesso reprodutivo em pelo menos três árvores e ainda temos muitas imagens de armadilhas fotográficas para analisar”, comemora Camile Lugarini, analista ambiental do ICMBio e coordenadora do PAN Ararinha-azul.
Maracanãs
Nesse esforço pela sua conservação, a ararinha-azul conta com a ajuda de outra espécie: a maracanã-verdadeira (Primolius maracana). Similar à ararinha em termos ecológicos, a maracanã compartilha características como microhabitat, cavidades de nidificação (construção de ninhos) e itens alimentares. Além disso, o último macho de ararinha registrado formou par com uma fêmea dessa espécie.
A região de Curaçá (BA) é marcada pela abundância de maracanãs, que dividem o território com outras 203 espécies de aves de 50 famílias, sendo 28 delas exclusivas da Caatinga.
Nessa área foi proposta a criação de uma unidade de conservação (UC) federal para abrigar os projetos de recuperação da ararinha-azul. “Os resultados embasarão as atividades de reintrodução da ararinha-azul, previstas para 2019, e a implementação da UC federal, cuja criação vem sendo esboçada desde 2012”, explica Camile.
Envolvimento comunitário
Paralelamente ao estudo da maracanã, o Projeto Ararinha na Natureza também busca entender a interação das comunidades com as aves da região, uma vez que a condição econômica desfavorável, a educação ambiental insuficiente e a falta de fiscalização acabam resultando numa grande quantidade de animais comercializados de forma ilegal.
Postado por: Giovana M. de Araújo